a 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul define os últimos detalhes antes da montagem das exposições. A lista de artistas (confira abaixo, ainda está sujeita a alterações) consolida a ênfase nas artes africana e afrobrasileira proposta no tema O Triângulo do Atlântico. Serão cerca de 70 nomes, com destaque para brasileiros e africanos, que compõem um terço dos participantes.
– É um pouco menos do que nas edições anteriores, mas tem uma boa densidade e qualidade. É a Bienal do Mercosul mais internacional, entre todas as edições, com 25 países de três continentes – garante o crítico de arte alemão Alfons Hug, que assina a curadoria do evento ao lado de Paula Borghi.
Embora o tema da Bienal se refira às conexões políticas, econômicas e culturais entre Europa, África e América, Hug afirma que priorizou o valor estético das obras.
– Estamos falando de 500 anos de história, não de episódios passageiros. A presença de vários artistas afro-brasileiros, talvez pela primeira vez, pode ser chamada de elemento político. Mas escolhi eles pela qualidade da obra – reforça o curador, citando os artistas Jaime Lauriano, Dalton Paula e Arjan Martins.
A dimensão da 11ª edição é modesta, especialmente em comparação à 10ª, realizada em 2015, que espalhou mais de 600 obras de cerca de 200 artistas por oito espaços da Capital, e sofreu revezes, como o corte de orçamento de R$ 13 milhões para R$ 7,5 milhões. Para 2018, a organização anunciou menos locais, menos artistas e um orçamento-base de R$ 3 milhões – o presidente da Fundação Bienal do Mercosul, o médico Gilberto Schwartsmann, assegura que o valor foi superado, sem divulgar a cifra:
– Tivemos uma receptividade incrível de vários segmentos da sociedade.
A consequência foi uma captação bem superior ao esperado. Pudemos aumentar a densidade artística da mostra e planejar atividades adicionais.
A realização da edição 2018 é comemorada como uma vitória pela Fundação Bienal do Mercosul, que chegou perto de cancelar o evento, mas optou por adiá-lo para este ano. Para compensar a ausência em 2017, a Bienal manteve uma agenda de programações paralelas que incluíram concertos, atividades para crianças e seminários, construindo pontes com o Festival de Gramado, em exibições de filmes, e a Feira do Livro, apoiando a vinda do nigeriano Wole Soyinka premiado com o Nobel de literatura. Também ocorreram exposições em Lagos, na Nigéria, e no Rio.
Nos bastidores, artistas de fora do Estado fizeram visitas para coletar materiais e planejar obras, como o egípcio Youssef Limoud, ganhador do Grande Prêmio da Bienal de Dakar em 2016, e o americano Mark Dion, que já expôs em lugares como MoMA (Nova York), Tate Gallery (Londres) e Palais des Beaux-Arts (Paris). Alguns desembarcam por aqui neste mês: é o caso Camila Soato e Jaime Lauriano, ambos de São Paulo, que farão residências em quilombos de Porto Alegre e Pelotas.
Já a participação gaúcha é restrita a cinco nomes, três deles presentes em edições passadas: André Severo, Romy Pocztaruk e Letícia Ramos. Será a estreia de dois fotógrafos no evento: Letícia Lampert e Luiz do Nascimento Ramos (1864 – 1937), conhecido como Lunara.
A montagem da exposição começa neste mês e ficará concentrada no Margs, no Memorial do RS e no Santander Cultural (será a primeira mostra da instituição após a polêmica Queermuseu).
– O Margs trará a questão do Atlântico de forma direta, com vídeos que lidam com mar, navegação, desastres naturais. Também terá a herança da escravidão. No Santander, vai ter mais retratos e corpo humano – diz Alfons Hug.
A Praça da Alfândega será ocupada com atividades diversas, como concertos e performances, e a Igreja das Dores receberá uma instalação sonora com idiomas indígenas.
A próxima Bienal do Mercosul terá aproximadamente 70 artistas de 25 países. Confira abaixo a lista de nomes que foi antecipada pela organização do evento e ainda pode sofrer mudanças:
Brasil
América Hispânica
África
Europa
América do Norte
América Latina
Nigéria